Britto aposta no diálogo para fim de impasse entre alunos e UnB

Brasília, 07/04/2008 – O presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Cezar Britto, afirmou hoje (07) que crê num avanço das negociações durante a assembléia que os estudantes da Universidade de Brasília (UnB) realizarão ao meio-dia, para decidir se deixarão a sala do reitor da Universidade, Timothy Mulholland, ocupada por eles desde à última quinta-feira “Na democracia, o instrumento que deve sempre vencer é o do diálogo e não o da exceção, até porque envolvemos duas instituições que nos são fundamentais: a instituição universidade pública e a do movimento estudantil”, afirmou Britto, que colocou a Ordem à disposição para interceder na busca de uma solução negociada para o impasse. “A nossa idéia, e por isso a intervenção da Ordem, é buscar uma solução para que a violência não seja a solução”.

A OAB colocou um advogado à disposição do movimento estudantil, profissional que já conversou mais de uma vez com o reitor, os estudantes e até com a Polícia Federal. “Esperamos que não seja necessária a adoção de medidas extremas para a desocupação. Esperamos, sim, que ela possa ocorrer naturalmente, como decorrência da própria negociação em si. Estamos esperançosos de ter, até o horário da Assembléia, uma definição para esse conflito”, afirmou o presidente da OAB em entrevista ao jornalista Walter Lima, da Rádio Nacional. Neste final de semana, Cezar Britto conversou por telefone com a presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), Lúcia Stumpf, e com o reitor Timothy Mulholland.

Os manifestantes sustentam que só deixarão a reitoria depois que Mulholland renunciar, proposta já rechaçada pela Universidade. Os estudantes reivindicam a saída de Mulholland devido ao suposto uso irregular de recursos da instituição para mobiliar o apartamento oficial do reitor. Já há determinação da Justiça Federal para a desocupação da reitoria, com a previsão de multa ao Diretório Central dos Estudantes (DCE) de R$ 5 mil por hora.

A seguir a íntegra da entrevista concedida hoje pelo presidente nacional da OAB, Cezar Britto, à Rádio Nacional:

P – Qual o posicionamento do Conselho Federal da OAB diante desse impasse entre os estudantes e a reitoria da UnB?
R – Nossa atuação é na busca do consenso, na busca de uma solução negociada para o conflito. São instituições que devem ser preservadas, a instituição universidade pública, pela importância que tem para o Brasil, mas também observamos e devemos proteger o movimento estudantil, com toda a sua história e dedicação, até porque algumas das reivindicações são plenamente aceitáveis e podem ser implementadas pela via da negociação. A nossa idéia, e por isso a intervenção da Ordem, é buscar uma solução para que a violência não seja a solução.

P – A Justiça está dando como prazo limite para a desocupação da área o final da tarde de hoje. Isso preocupa a OAB?
R – Haverá uma assembléia dos estudantes hoje, quando as matérias objeto de negociação serão debatidas. Espero que, durante a Assembléia, essas negociações avancem cada vez mais. Colocamos um advogado nosso à disposição do movimento e ele já conversou mais de uma vez com o reitor da UnB, com os estudantes e até com a Polícia Federal. Esperamos que não seja necessária a adoção de medidas extremas para a desocupação. Esperamos, sim, que ela possa ocorrer naturalmente, como decorrência da própria negociação em si. Estamos esperançosos de ter, até o horário da Assembléia, uma definição para esse conflito.

P – O diálogo é sempre melhor do que o emprego da força, presidente?
R - Não tenho dúvidas. Na democracia, o instrumento que deve sempre vencer é o do diálogo e não o da exceção, até porque envolvemos duas instituições que nos são fundamentais: a instituição universidade pública e a do movimento estudantil.

P – Então vamos aguardar até o meio-dia o andamento das negociações e a assembléia.
R – É verdade. Esperamos, com pensamento positivo, que os democratas resolvam os problemas por meio do diálogo.