Corrupção eleitoral será investigada em Alagoas

quarta-feira, 19 de março de 2008 às 08:59

Maceió (AL), 19/03/2008 - Um dia depois de o Tribunal de Justiça de Alagoas afastar dez deputados estaduais acusados de desviar R$ 280 milhões da folha de pagamento da Assembléia Legislativa, o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) e a Ordem dos Advogados do Brasil, seccional Alagoas (OAB-AL), montaram força-tarefa para rastrear o mapa da corrupção eleitoral no estado. Os dois órgãos iniciaram investigações para descobrir se o dinheiro desviado da Assembléia seria usado para comprar votos. “Se há desvio de dinheiro público, esse dinheiro vai para este fim”, disse o presidente da Comissão de Combate à Corrupção Eleitoral da OAB, o advogado Paulo Brêda.

Os bairros mais pobres de Maceió e regiões tradicionalmente dominadas pelos chamados coronéis, geralmente mandatários de famílias tradicionais no interior, são os alvos da forçatarefa. O trabalho terá apoio da Polícia Federal. “É necessário termos um serviço de inteligência em conjunto”, afirmou a procuradora do Ministério Público Federal Niédja Káspary.

Enquanto as forças federais se unem no combate à compra de votos, o chefe do Ministério Público, Coaracy Fonseca, pegou outro caminho: integrantes do MP foram à PF colher mais provas para afastar do cargo os deputados João Beltrão (PMN) e Marcus Ferreira (PMN). Eles também foram indiciados pelo desvio na Assembléia, mas não foram incluídos na primeira ação, porque seus nomes foram citados pela polícia após o andamento do processo. “O procurador vai mover outra ação contra os suplentes, acusados do desvio de dinheiro do Legislativo”, disse o promotor Marcus Rômulo.

Fonseca tenta evitar que os suplentes Fernando Duarte, Timóteo Correia e Alves Correia, indiciados pela PF, sentem nas cadeiras como parlamentares. O ex-deputado cabo Luiz Pedro, terceiro suplente do PMN, está preso, acusado de liderar um grupo de extermínio; o ex-parlamentar Gilberto Gonçalves, indiciado pela polícia e que aparece em gravações pedindo o “dinheiro roubado” da Assembléia, foi considerado inelegível pelo TRE semana passada.

O PSB resolveu não esperar a conclusão das investigações e expulsou ontem do partido o deputado Dudu Albuquerque, primeiro suplente da Mesa Diretora. O parlamentar não respondeu aos recados deixados na caixa postal do seu celular.

Presença da PF assusta funcionários da Assembléia

Ontem, a Assembléia fez a sua primeira sessão com apenas 12 dos 27 deputados. Antes da sessão, um susto para os funcionários e o presidente interino, deputado Alberto Sexta-feira: um carro da PF estacionado em frente à Assembléia. Os agentes pediram documentos para anexar às investigações. “Eles foram educados, mas deveriam ter feito isso no protocolo, não entregar na minha sala”, reclamou Sexta-feira.

Na sessão, os parlamentares da oposição Paulo Fernando dos Santos e Judson Cabral, ambos do PT, cobraram a redução do repasse de dinheiro do Executivo para o Legislativo, o chamado duodécimo, por causa das acusações de desvio de dinheiro. Não foram atendidos.

“Existe um preceito justo de um Plano de Cargos e Carreira e um novo prédio sendo construído. Tudo isso requer financiamento, não é feito com toque de mágica”, disse Sexta-feira. (O Globo)