Artigo: O começo do fim (II)

terça-feira, 18 de março de 2008 às 10:00

Maceió (AL), 18/03/2008 – O artigo “O começo do fim, parte II” foi publicado pelo presidente da Seccional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de Alagoas, Omar Coêlho, em O Jornal (AL):

“Aos primeiros raios de sol do mês de maio/2007, uma nova operação da Polícia Federal, agora chamada Navalha, prendia autoridades do primeiro escalão do governo, dentre outras autoridades, por fraudes e desvios de dinheiro público envolvendo a empreiteira Gautama. Nova euforia! Será que agora as coisas começariam a mudar? Ledo engano!

Em novembro de 2007, novamente a PF atua, e chegou a vez da Operação Carranca, fraudes em licitações, mais políticos e personalidades do nosso meio social indiciados e presos. O sonho de um estado livre da corrupção e voltado para o desenvolvimento renascia, mas ninguém ousava questionar os chamados “poderosos”. Alagoas, enlameada pelas consecutivas operações da Polícia Federal, transparecia para o Brasil ser o reduto dos infratores. E o que é pior: esses integravam a chamada elite política e empresarial caeté.

No mês seguinte, dezembro/2007, a Polícia Federal deflagra a Operação Taturana, indiciando e prendendo deputados estaduais, gerentes e empresários. Foi o que faltava para o povo e as instituições despertassem desse longo e quase interminável estado de paralisia. Alagoas exige respeito! Alagoas exige ordem! Alagoas não mais aceitará conviver com a impunidade e a corrupção!

Nessa onda, a Polícia Civil, mesmo em greve, parece ter elucidado o assassinato do vereador Fernando Aldo. Faltam outros tantos, mas já é um começo; o Ministério Público, finalmente, começa a atuar ostensivamente; e o Judiciário segue o mesmo caminho.

A bem da verdade, a OAB/AL, em todos esses episódios da vida alagoana, não se calou nem se omitiu, buscou despertar a sociedade para a real necessidade de se exercer a sua cidadania, mesmo nos momentos em que outros recuaram e duvidaram de seus reais e bons propósitos.

A sociedade alagoana começa a ver coisas que pareciam ser impossíveis de acontecer. Autoridades, antes imunes, sendo questionadas e tendo que se submeter aos ditames da lei, como sempre se esperou que acontecesse, mas havia caído no esquecimento. Convém lembrar e não esquecer: nada, nem ninguém, está acima da lei.

A mobilização social deve permanecer e crescer. O cidadão maceioense, por exemplo, ainda não saiu de casa para exaltar sua indignação. A única manifestação popular até agora foi a do dia 19 de fevereiro, que contou com a presença das lideranças da sociedade civil organizada, mas careceu do apoio popular. Não fossem os integrantes dos movimentos de sem-terra e dos indígenas, haveria uma verdadeira ausência popular, não condizente com o sentimento da quase totalidade dos aqui residentes.

Neste momento, só nos resta externar o sentimento que nos une a todos, de forma pacífica e ordeira, mas efetiva e eficaz. Temos que encontrar um meio de expressar nossa indignação e de dizer não à corrupção! Talvez se estampássemos as cores da bandeira de Alagoas, através de fitas ou da própria bandeira, nos carros, nas janelas dos apartamentos ou em nossas casas. Em período de Copa do Mundo demonstramos o nosso desejo de vitórias ostentando em todos os lugares o verde-amarelo. Então, por que não externamos nosso sentimento de “limpeza de Alagoas” usando as nossas cores: vermelho, branco e azul?

Creio, piamente, que estamos diante do começo de um novo tempo. É o começo do fim da impunidade e da corrupção, mas temos que fazer por merecer este novo tempo!”