Cezar Britto: tortura é um crime contra a humanidade
Brasília, 09/03/2008 - “A tortura é um crime contra a humanidade. Espera-se que no Brasil mais uma vez se repita o jargão: tortura nunca mais”. A afirmação foi feita hoje (09) pelo presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Cezar Britto, ao comentar pesquisa divulgada pelo jornal O Globo onde “um em cada quatro brasileiros diz que, se fosse um policial combatendo o crime, torturaria suspeitos”. Além disso, a pesquisa aponta preconceitos de raça e orientação sexual. Para Britto, um dos graves reflexos do estado policial que vive o Brasil atualmente é o incentivo por parte das autoridades da cultura autoritária, e de uso da violência, como solução dos problemas que atingem a sociedade. “Um dado da pesquisa serve de alerta para o Brasil criar uma cultura para a paz, antes que essa minoria se torne uma grave e preocupante maioria”.
O presidente nacional da OAB lembrou, no entanto, que o apoio a métodos de tortura, com o fortalecimento do estado policial, não vem ocorrendo apenas no Brasil mas por vários países, inclusive de primeiro mundo. Nos EUA – disse - a autoridades já admitem que certas práticas de tortura são admissíveis no combate ao terrorismo. Na Inglaterra, o brasileiro Jean Carlos foi assassinado pela polícia sob a mesma ótica de que os meios violentos justificam o fim do combate ao terrorismo. Em ambos os casos, parte da população daqueles países apoiou tais métodos de violência.
Por fim, Britto citou que uma parte da população da Alemanha apoiou no passado o nazismo, da mesma forma que parte dos italianos apoiou o fascismo.