Exame de Ordem: bacharel é um exemplo no interior de SP

sábado, 08 de dezembro de 2007 às 09:09

Guararapes (SP), 08/12/2007 - Na vida do paulistano Fábio Luiz Alda Buzipe, que mora em Guararapes, no interior de São Paulo, desde os 3 anos, a deficiência motora nunca foi um obstáculo para alcançar passos cada vez mais largos. Sua última realização foi a aprovação no exame da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), teste que, a cada ano, tem aprovado menos alunos que saem dos bancos universitários. A aprovação no exame, considerado complexo por muita gente, é motivo de orgulho para familiares e amigos de trabalho que acompanham a trajetória deste rapaz de 28 anos.

Agora, Fábio espera dar início à carreira que sempre sonhou. A inspiração para advogar veio da família. Fábio conta que primos e tios militam na área jurídica. Com os parentes ele aprendeu o gosto pela leitura, que, segundo ele, foi fator predominante para seu sucesso no exame da Ordem. Formado em Direito pelo Unitoledo (Centro Universitário Toledo), na turma de 2006, Fábio conseguiu ser aprovado pela OAB na segunda tentativa. A prova foi aplicada em abril deste ano.

"Minha mãe sempre quis que eu fizesse computação, mas desde criança, ao ver os advogados da minha família, queria estudar Direito", conta Fábio, que tem deficiência motora desde quando nasceu. Pessoas próximas contam que, no dia do exame, ele foi acompanhado por uma enfermeira.

Apesar das dificuldades para falar, o advogado se mostra uma pessoa bastante simpática e sorridente. Há pouco mais de sete anos, ele trabalha na secretaria do Centro de Saúde da Prefeitura de Guararapes, cidade onde se sente muito feliz. "Era para eu ter nascido aqui, minha família toda é da cidade", diz, aos risos. Na unidade, ele é um dos colegas de trabalho preferidos de toda a turma.

Os funcionários do Centro de Saúde que trabalham com Fábio ao longo de todo esse período o consideram um exemplo de superação. Funcionária municipal há 20 anos, Lúcia Martinho, que trabalha no almoxarifado da unidade, afirma que trata Fábio como se fosse um filho. Nas palavras, só elogios: "Esse menino é um gênio, um milagre", considera.

Apesar da deficiência, destaca Lúcia, consegue atender telefonemas, desenvolver atividades por escrito e atender com paciência pessoas impacientes nas sempre longas filas por atendimento público de saúde.

Lúcia tem tanta admiração por Fábio também por conta das dificuldades que viu o colega enfrentar nos últimos anos. Em 2004, ele perdeu a mãe, Tânia Mara Alda, que era coordenadora-pedagógica, vítima de um câncer no pulmão. Na ocasião, relembra o jovem, a doença pegou todos da família de surpresa. "Ela tinha apenas 45 anos e torcia muito por mim. Pensávamos que ela estava com bronquite, então descobrimos o câncer. Um mês depois ela faleceu.” Hoje Fábio vive com a avó, dona Waldecir, de 70 anos.

Depois de tanta luta e sofrimento, Fábio enxerga um futuro promissor. Hoje, com diploma universitário nas mãos e registro profissional garantido, sonha com o sucesso na área jurídica. Fábio pretende prestar concursos públicos e, futuramente, se tornar um promotor ou juiz. (A matéria foi publicada no jornal Folha da Região, de Araçatuba.)