OAB promove caravana pela proteção das nascentes do Parnaíba
Brasília, 04/09/2007 – Criado por decreto presidencial em 2002, o Parque Nacional das Nascentes do Rio Parnaíba continua sendo apenas uma grande aspiração da sociedade piauiense, pois até hoje não foi implementado na prática, sequer demarcado, existindo apenas no papel. Partindo desta constatação, o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil e o Conselho Seccional da OAB no Piauí decidiram fazer uma mobilização pela demarcação do parque e proteção das nascentes do Parnaíba, pressionando o governo federal, com o apoio de diversas outras entidades, a destinar recursos orçamentários e humanos à implantação do parque. A mobilização terá uma arrancada no feriadão desta semana, com a visita de uma caravana coordenada pelo conselheiro federal da OAB pelo Piauí, Marcus Vinicius Furtado Coelho, que vai acampar nas nascentes do Parnaíba e realizar atos públicos nas cidades que margeiam o rio de quinta-feira a domingo próximos.
Num ônibus fretado pela OAB, Marcus Vinicius e representantes da Universidade Federal do Piauí, Associação dos Juízes Federais, Ibama, Denocs, Codevasf e Fundação Velho Monge – apelido do Parnaíba - e outras entidades, vão percorrer 1,5 mil quilômetros ao longo das cidades banhadas pelo rio: Floriano, Gilboés, Bom Jesus, Cristino Castro e Corrente. Em cada uma delas, na ida e na volta a caravana realizará atos públicos para os quais está convocando as lideranças locais políticas, sindicais, sociais, religiosas e de proteção ambiental. “O Parque Nacional das Nascentes do Parnaíba não pode ficar só no decreto, tem que ser implementado, o que significa a demarcação de seus cerca de 700 mil hectares e uma política efetivamente de proteção dos seus mananciais”, afirmou o conselheiro Marcus Vinicius.
Ele observa que até hoje existe apenas um funcionário do Ibama destacado para cuidar do parque, ou seja, dos 700 mil hectares. “Diante desse quadro, acontecem as queimadas, desmatamentos e até mesmo invasões – começam inclusive a plantar soja em alguns pontos do parque”, denunciou Marcus Vinicius. Para ele, se não houver a proteção das nascentes do Parnaíba, “o maior rio do Nordeste, o maior rio cem por cento nordestino – já que o São Francisco nasce em Minas e não é inteiramente nordestino – está sob sério risco de morte”.
O coordenador da Caravana às Nascentes do Parnaíba disse que pretende discutir com os moradores das cabeceiras do rio o que considera um descaso da parte das autoridades federais: “o Estado do Piauí tem atualmente o maior número de parques nacionais, com a maior área de unidades de conservação na região Nordeste, mas não foi contemplado sequer com uma gerência regional do Instituto Chico Mendes, o órgão que foi desmembrado do Ibama para cuidar dos parques nacionais”, disse. Além do Parque das Nascentes, o Piauí abriga os parques nacionais das Capivaras, das Sete Cidades e há gestões pela criação do Parque da Serra Vermelha.
“Entendemos que o meio ambiente, especialmente o rio Parnaíba, tem que ser protegido não só pelo aspecto ambiental e ecológico, mas também pelo aspecto sócio-cultural, pois no caso do Piauí o Parnaíba tem uma identidade muito grande e marcante”, observou Marcus Vinicius. “Mas é importante também analisar a questão do rio sob o prisma da potencialidade econômica; hoje, a água engarrafada é mais cara do que coca-cola e do que o petróleo; para a humanidade, o verdadeiro ouro, digamos assim, de daqui a algumas décadas será sem dúvida a água”.