Britto: OAB discute adesão ao "Cansei" na segunda-feira

quinta-feira, 02 de agosto de 2007 às 07:35

Brasília, 02/08/2007 - Em seu blog de notícias, o jornalista Josias de Souza, da Folha de São Paulo, afirma hoje (02) que a adesão da Seccional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de São Paulo ao “Cansei” dividiu os advogados brasileiros. A idéia de envolver a OAB Nacional no suporte ao movimento incendiou a entidade. Várias Seccionais estaduais manifestaram sua contrariedade quanto à adesão ao presidente federal da Ordem, Cezar Britto.

O embate contrapôs o presidente da OAB-São Paulo, Luiz Flávio D’Urso –“Não se trata de um movimento político, mas de uma manifestação cívica de cidadania e de amor ao Brasil”— ao presidente da OAB-Rio, afirma Luiz Flávio Borges D’Urso, presidente da OAB SP, Wadih Damous – “O Cansei é um movimento de fundo golpista, estreito e que só conta com a participação de setores e personalidades das classes sociais mais abastadas do estado de São Paulo”.

A divisão levou Cezar Britto a submeter o assunto ao Pleno do Conselho Federal da OAB. Na próxima segunda-feira (06), os 81 advogados que integram o Conselho, irão se pronunciar, por meio do voto. “Caberá ao Conselho dizer se a OAB como um todo entra nesse movimento ou se o rejeita”, disse Cezar Britto ao blog que tem o seguinte endereço: josiasdesouza.folha.blog.folha.com.br)

Leia abaixo a entrevista do presidente nacional da OAB, Cezar Britto:

P - Por que o Conselho da OAB discutirá o ‘Cansei’?
R - O movimento é exclusivamente da Seccional paulista. Não é um movimento da advocacia brasileira. Tem encontrado resistência em várias seccionais. Em face desse conflito, como esse movimento se pretende nacional, estou levando para que o Conselho analise, para decidir se a OAB entra nesse movimento ou se o rejeita.

P - A Seccional paulista pediu o envolvimento da OAB Nacional?
R - Recebi um convite da OAB São Paulo para estar presente a um ato, no dia 17, data em que o movimento propõe que os brasileiros parem por um minuto, em todo país, às 13h.

P - O sr. tem uma posição pessoal sobre o ‘Cansei’?
R- Vou sugerir ao Conselho que uniformize o entendimento, para que fique clara a posição nacional da OAB. Até porque a OAB é uma entidade assumidamente política, mas não está a serviço de nenhum partido político.

P - Acha que movimento ganhou conotação político-partidária?
R - Prefiro não me manifestar antes da decisão do conselho.

P - Acha que a decisão será contrária ao envolvimento da OAB?
R- Não sei. Mas a OAB nunca se envolveu – nem pode se envolver – em disputas político-eleitorais. A percepção que o conselho tiver do movimento é que vai definir a decisão da Ordem.

P - O presidente da OAB-SP não disse que o “Cansei” é partidário?
R - Ele, de fato, tem assegurado que o movimento não tem vinculação partidária. Estaria havendo uma má interpretação nesse sentido. É essa análise que será feita pelo Conselho. Algumas seccionais acham que o movimento tem conotação partidária.

P - Quais as seccionais da OAB que acham isso?
R - A OAB do Rio de Janeiro manifestou publicamente sua contrariedade. Algumas outras Seccionais se manifestaram a mim por telefone ou e-mail, não publicamente. Esse debate será feito na segunda-feira, na reunião do Conselho.