Belo Horizonte, 23/04/2006 – “O impeachment será analisado de forma isenta, sem procurar a penalização a qualquer custo ou a inocência a um preço de sermos acusados de omissos”. A afirmação foi feita hoje (23) pelo presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil, Roberto Busato, ao ser perguntado sobre a proposta de impeachment do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, sobre a qual o Conselho Federal da entidade decidirá em sessão no próximo dia 8.

Busato disse durante entrevista que “a Ordem está sendo movida pelos fatos já expostos, não está criando fatos novos”. Ele assinalou ter ressaltado essa posição ao presidente Lula na última terça-feira, durante audiência no Palácio do Planalto. “A OAB tem que ser absolutamente transparente, tem que ser bastante clara dentro da sua decisão, seja a favor, seja contra o impeachment do presidente Lula” , observou.

Para o presidente nacional da OAB, a entidade entende que “a maneira de se manter eqüidistante e transparente é não criar fatos novos, é analisar juridicamente os fatos já postos pela mídia, pelos próprios infratores, pelo Ministério Público e pelo Congresso Nacional, pelo que apurou nas suas CPIs”. Da mesma forma, disse não dispor de qualquer prognóstico ou tendência sobre a decisão que será tomada dia 8, quando os 81 conselheiros federais decidirão se apóiam ou rejeitam a proposta do impeachment, apresentada pela conselheira federal da OAB pelo Mato Grosso do Sul, Elenice Carille.

“Só garanto que a OAB procura ter a capacidade de exprimir o que a população pensa a respeito desta questão, para que fique bem claro o seu pensamento, e não paire nenhuma dúvida de qualquer tipo de sinalização político-partidário para um lado ou outro”, sustentou Busato. “Nós estamos olhando e refletindo o que ocorreu e foi revelado de diversas formas nessa crise – e isso eu disse ao presidente da República esta semana, quando estive com ele no Palácio”.